sábado, 22 de janeiro de 2011

Indagação do Caboclo Puruense

Mudam os rumos da vida no mundo,
Mas eu não sou desse mundo global.
Meu viver é no mundo da selva.
A floresta é o meu próprio quintal.

Mudam as fontes do capitalismo,
Mas a minha fonte está no caudário
Deste rio centenário e lendário,`
É o Purus a minha fonte afinal.

Transformam-se as paisagens urbanas,
Mas a minha paisagem é a paisagem rural,
É a selva, a floresta que encanta,
Minha terra cabocla, meu reino animal.

A borrahca, a castanha, a madeira,
São riquezas que emanam da terra
Que aos olhos dos capitalistas
São motivos pra brigas e guerras.

E eu, caboclo dependente da floresta,
De onde vou tirar o sustento pra família
Quando a nossa fauna e a nossa flora
Forem uma extensa paisagem sem vida?
 
 
                                                                     por Elias de Souza