terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Ibama dá início a monitoramento aéreo no sul do Amazonas com a Operação Toruk

Manaus, 23 de Janeiro de 2012


O Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) iniciou há uma semana uma operação aérea de monitoramento nas áreas de maior pressão de desmatamento no sul do Amazonas. A operação, desencadeada pela presidência do Ibama, também acontece no Mato Grosso, Pará e Rondônia.
A operação foi batizada de Toruk, em referência ao pássaros gigantes do filme “Avatar”, de James Cameron.
O chefe de fiscalização da superintendência do Ibama no Amazonas, Jérfferson Lobato, disse que a operação de monitoramento no sul do Estado tem o objetivo de identificar desmatamento que poderá ocorrer no período da chuva.
“Geralmente, o desmatador derruba tudo para queimar depois, na época do verão. O que estamos fazendo é trabalho de campo para ver se já há indícios de desmatamento para que evitar que o crime aconteça”, disse Lobato.
Conforme o chefe de fiscalização, a operação iniciada na semana passada também vai monitorar a situação das áreas embargadas ano passado. A intenção é verificar se atividades ilegais foram retomadas nestas áreas.
Até o momento, sobrevoos já foram realizados em áreas do município de Apuí, Canutama e Humaitá. Também estão sendo monitoradas a Terra Indígena do povo tenharim e a área do distrito do Santo Antônio do Matupi, conhecido como “180”, localizadas na rodovia Transamazônica. A operação abrangerá ainda as regiões de Novo Aripuanã, Lábrea, Boca do Acre e sul de Maués.
“Por enquanto está tranquilo. Ainda não vimos desmatamento ilegal, mas vamos continuar com a operação o ano todo”, disse.
Lobato também incentiva as pessoas informadas sobre indícios de desmatamento a entrarem em contato com o Ibama por meio do Linha Verde, que pode ser acessado pelo número 0800618080 ou pelo email dicof.amazonas@gmail.com. Não é preciso se identificar.

Reportagem de Elaíze Farias, do Jornal a Crítica


quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Manejo de pirarucu na RDS Piagaçu-Purus e beneficia 83 famílias do interior do Amazonas



No final do ano de 2011, a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SDS), por meio do Centro Estadual de Unidades de Conservação (Ceuc), apoiou o manejo realizado pelos pescadores das comunidades de Pinheiro e Nossa Senhora do Livramento (Lago do Ayapuá) e comunidades Cauã/Cuiuanã, todas localizadas na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Piagaçu-Purus, e comunidades da Vila do Itapuru, localizada na área de entorno. A ação contabilizou 241 espécies manejadas, aproximadamente, 11,3 toneladas de pirarucus, envolvendo 83 famílias, com uma renda de R$ 56.231,49 ao ano/famílias. Importante ressaltar que o processo de manejo na área iniciou pelos moradores da comunidade de Itapuru, onde moram 90 famílias. A partir desta iniciativa e com o apoio do Governo do Amazonas por meio da SDS/Ceuc, a atividade se estendeu para as comunidades que moram dentro da Reserva, envolvendo e beneficiando 83 famílias, viabilizando uma renda extra no final do ano de 2010. Com o dinheiro advindo do manejo, as comunidades de Itapuru e Cuiuanã adquiriram recentemente flutuantes para auxiliar na vigilância dos lagos.



 “Os moradores das UCs são os maiores parceiros do Governo do Amazonas. É a partir do conhecimento tradicional aliado ao conhecimento científico que o manejo do pirarucu ocorre. Essa é a melhor alternativa para a sobrevivência da espécie”, ressalta Nádia Ferreira, titular da SDS. Tendo em vista a abundância de pirarucu na região, as comunidades solicitaram autorização ao Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), e ao Ceuc, que liberaram a despesca. A primeira despesca, realizada em 2010, somou 127 pirarucus manejados da região, o que possibilitou a realização da segunda despesca na RDS. A atividade proporcionou ainda um intercâmbio entre os moradores das comunidades citadas acima, com moradores de Unidades de Conservação Federal localizadas na Calha do Purus (Resex Médio Purus, Resex Ituxí). A ação contou com o apoio financeiro do Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB), por meio Programa de Desenvolvimento Local Sustentável (PDLS), e a parceria do Instituto Piagaçu-Ipi (IPI). Além dos técnicos da SDS/Ceuc, participaram ainda representantes das aldeias indígenas Paumari da região de Tapauá, através da parceria com a Opan, a Prefeitura de Canutama, além de moradores da Reserva de Extrativismo (Resex) Canutama, Floresta Estadual de Canutama. De acordo com o chefe da UC Floresta Estadual de Canutama, Altemar Lopes, esse intercâmbio possibilitou o conhecimento das técnicas necessárias para essa prática, “gerou uma gestão participativa e se revelou como uma oportunidade de resolução de conflitos aos que apresentam interesse em manejo de pirarucu”.

Contagem do pirarucu

Durante a contagem do pirarucu em uma canoa, ou à margem do lago, o pescador observa por 20 minutos uma área delimitada em até 50 metros de raio, seu campo de visão, assinala em uma ficha quantas vezes o peixe subiu para respirar nesse intervalo. Um adulto (mais de 1,50 m) respira uma única vez em 20 minutos, ao contrário de um pirarucu jovem, que vem à superfície duas vezes. Essa diferenciação permite aos comunitários saber quantos peixes existem no lago e, conseqüentemente, quantos eles podem pescar.

Modelo de desenvolvimento

O manejo de pirarucu RDS Piagaçu-Purus em 2010 serviu de exemplos para outras comunidades, uma vez que, em 2011 o numero de setores que realizaram a despesca de pirarucu aumentou dentro da reserva. “Os comunitários demonstraram mais interesse em preservar os lagos e as riquezas existentes na Unidade de Conservação”, diz Ana Claudia Leitão, chefe da RDS Piagaçu-Purus, ressaltando que a atividade vem ajudando os moradores na geração de renda e também numa maior conscientização ambiental, promovendo assim, a conservação da biodiversidade e a melhoria na qualidade de vida das comunidades que estão dentro dessa RDS.

RDS Piagaçu-Purus

A Reserva de Desenvolvimento Sustentável Piagaçu-Purus foi criada pelo Decreto 23.723, de 5 de setembro de 2003, incorporado a APA, Lago do Ayapuá do Médio Purus. A Unidade de Conservação ocupa uma área de 809.268,02 hectares. A pesca, a agricultura, a caça e a extração de produtos madeireiros e não-madeireiros são as principais formas de sobrevivência das populações da região. O comércio é praticado por via fluvial e 60% do pescado é consumido em Manaus vem do rio Purus. Dos produtos florestais a castanha é um dos que se destaca. A área tem grande potencial para o ecoturismo por suas belezas naturais, como os grandes dormitórios de aves aquáticas em vários lagos de várzea.

fonte: site Amazonas Notícias e IEB escritório de Lábrea
fotos: Rosibel Rodrigues e Benedito Clemente