terça-feira, 28 de agosto de 2012

Indígena Kaxaxari assassinado na Ponta do Abunã

Porto Velho 27 de agosto de 2012
 
Mais uma vez a invasão de terras indígenas está provocando tensão e mortes em Rondônia. Desta vez, o alvo foi um indígena da etnia Kaxarari, que ocupam uma área na região da tríplice fronteira entre Rondônia, Acre e Amazonas.
João Oliveira da Silva Kaxarari foi assassinado na noite deste domingo (26) no ramal da Mendes Junior, estrada que dá acesso ao sul do Amazonas, município de Labrea. Segundo relato dos lideres indígenas, Ari e Zezinho Kaxarari, o índio assassinado já lhes tinha procurado para comunicar ameaças de morte que vinha sofrendo de invasores de terra e teria afirmado que se lhe matassem, seria “fulano”, pessoa que já está sendo procurada pela Policia.
Duas viaturas do GOE – Grupo de Operações Especiais foram enviadas para a região, que fica a cerca de 400 km de Porto Velho. Uma viatura do IML – Instituto Médico Legal também está se deslocando para buscar o corpo, que até o momento do fechamento desta matéria, ainda estava no local onde foi morto.
As constantes invasões de terras indígenas para extração ilegal de madeira, furto de minério e criação de gado já envolvem as Etnias Paiter Surui na região de Cacoal, os Cinta Larga em Espigão do Oeste e agora, os Kaxararis na Ponta do Abunã.
fonte: Jornal Rondônia ao Vivo

domingo, 26 de agosto de 2012

Reflexões e desafios da gestão territorial indígena


De 20 a 31 de agosto acontece o curso “Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas”, reunindo diferentes povos em Humaitá, no Sul do Amazonas.

Apurinã, Aruá, Cinta Larga, Gavião, Jiahui, Mura, Parintintin, Paumari, Sakarabia, Sateré-Mawe, Suruí e Zoró. Diferentes povos indígenas reunidos por um mesmo objetivo: refletir sobre a gestão das florestas onde vivem.  Representantes de 24 associações indígenas do Corredor Etnoambiental Mondé-Kawahiba participam do curso “Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas”.  que acontece entre os dias 20 e 31 de agosto, na Universidade Federal do Amazonas (UFAM), em Humaitá, no sul do Amazonas.

Realizado pelo Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB), em parceria com a Associação Metareilá do Povo Indígena Suruí (Gamebey), a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB), a Equipe de Conservação da Amazônia (ACT Brasil), a Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé e a Conservação Estratégica (CSF Brasil), o curso é uma atividade do consórcio Garah Itxa, apoiado pela United States Agency for International Development (USAID).

Seu principal objetivo é formar pessoas com capacidade de refletir sobre a gestão territorial e ambiental do seu povo.  A ideia é que os participantes partam das suas próprias experiências e conhecimentos para construírem uma discussão e compreensão mais ampla do assunto no contexto das discussões sobre a recém-assinada Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental (PNGATI).

O curso vem estimular o diálogo intercultural em relação a conceitos, temas, metodologias e estudos de caso, além de oferecer informações de distintas perspectivas científicas que permitam identificar dificuldades específicas entorno dos temas abordados, como as noções de desenvolvimento e sustentabilidade, e o uso de ferramentas de diagnóstico e planejamento.

Na primeira semana do curso foram discutidos os conceitos básicos associados à gestão territorial e ambiental e a concepção indígena sobre eles. Também foi construída uma linha do tempo onde os participantes indicaram marcos históricos da relação entre povos indígenas e meio ambiente, como o surgimento do ambientalismo e do movimento indígena no Brasil e as legislações ambiental e indigenista.

Os modelos de desenvolvimento econômico e os ciclos de crescimento da infraestrutura nacional e regional também entraram no debate, assim como os desafios contemporâneos dos povos indígenas. O processo de construção da PNGATI foi aprofundado, ressaltando-se seus conceitos, diretrizes e objetivos.  

Nos próximos dias, a discussão gira em torno dos instrumentos e desafios da gestão territorial e ambiental indígena. No encerramento, está previsto um evento contemplando a cultura dos povos representados neste curso.

O consórcio Garah Itxa (na língua Suruí, “juntos com a floresta”) atua desde outubro de 2009 no Corredor Etnoambiental Mondé-Kawahiba, situado no nordeste de Rondônia, noroeste de Mato Grosso e sul do Amazonas, e onde se encontram 13 terras indígenas. O objetivo geral do consórcio é fortalecer os povos indígenas dessa região e suas instituições em diversos assuntos para que possam participar de uma estratégia integrada de conservação e gestão dos seus territórios.

O curso “Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas” tem implicações diretas para o trabalho de conservação na Amazônia, pois estimula que os povos indígenas sejam líderes regionais de conservação, em vez de meros coadjuvantes nas políticas de áreas protegidas. Oferece ainda um contraponto à lógica econômica dominante na região - calcada em atividades predatórias de exploração de recursos naturais e grandes projetos de desenvolvimento. 


quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Série de publicações traz caminhos para a sustentabilidade

IEB lança a série de publicações “Organização Social” no próximo dia 20 de agosto, no Museu Amazônico, em Manaus.

A organização social das comunidades tradicionais e indígenas da Amazônia é um passo fundamental para se alcançar a conservação ambiental e o desenvolvimento sustentável da região. Experiências bem-sucedidas nesse sentido foram registradas e sistematizadas, e deram origem à série de publicações “Organização Social”, que será lançada na próxima segunda-feira, dia 20 de agosto, no Museu Amazônico, da Universidade Federal do Amazonas, na cidade de Manaus.

A série é composta por cinco publicações que contam histórias vividas no sul do estado do Amazonas, como a luta das organizações comunitárias para a criação das Reservas Extrativistas do Ituxi e do Médio Purus, em Lábrea, a experiência do associativismo na Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Rio Madeira, e a criação de uma cooperativa que trabalha com a produção e comercialização da castanha em Manicoré – a COVEMA (Cooperativa Verde de Manicoré). Uma das publicações traz o registro do trabalho dos índios Suruí no reflorestamento da Terra Indígena Sete de Setembro, no município de Cacoal, em Rondônia.

No evento estarão presentes os representantes das associações parceiras do Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB) neste trabalho: Associação Metareilá do Povo Indígena Suruí (Gamebey), Associação dos Produtores Agroextrativistas da Assembleia de Deus do Rio Ituxi (Apadrit), Associação dos Trabalhadores Agroextrativistas do Médio Purus (Atamp), Associação dos Produtores Agroextrativistas da Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Rio Madeira (Apramad) e Cooperativa Verde de Manicoré (Covema) – além do Grupo de Jovens Tucumaenses, que apresentarão um breve esquete em torno de outras publicações do IEB.

“Hoje, em nível estadual, a cooperativa é tida como um espelho. Temos tentado manter esse padrão de equilíbrio e fazer com que seja uma empresa respeitada por todos. Esse é o nosso objetivo maior e esperamos que por meio dessa sistematização que o IEB está fazendo nossa história seja divulgada”, conta Adaldino Pitica, da Cooperativa Verde de Manicoré.

As publicações são frutos de trabalhos coletivos e participativos e uma contribuição para todos aqueles que trabalham e se interessam pelos processos de organização social na Amazônia. Nelas, as lideranças das associações relatam suas caminhadas e refletem sobre as experiências vividas, os aprendizados e as lições mais importantes.

“Não se trata de uma leitura externa da realidade local, mas de uma reflexão sobre um processo vivo e pulsante no qual as pessoas se engajam de maneira apaixonada e com dignidade. Esse povos esperam que o poder público lhes ofereça políticas públicas que funcionem e sejam compatíveis com a vida na floresta”, explica Maria José Gontijo, fundadora e diretora executiva do IEB.

O objetivo é que essas publicações cheguem até as universidades, instituições de ensino e pesquisa, organizações não governamentais e organizações de base de toda a Amazônia. Em pouco mais de dez anos, o IEB já publicou mais de 45 obras, que podem ser acessadas na loja virtual no site da instituição (http://livraria.iieb.org.br/).

No evento, também será lançada a publicação Rio Purus: águas, território e sociedade na Amazônia Sul Ocidental. Editado por cinco pesquisadores de diferentes instituições de pesquisas do país, entre os quais a professora Andrea Waichman da UFAM, o livro apresenta resultados de estudos sobre a bacia do rio Purus, bem como elementos para reflexão sobre mecanismos de gestão ambiental sob diferentes visões de pesquisa. Ao apoiar a publicação desse livro, o IEB busca colaborar com a ampliação do conhecimento sobre as regiões nas quais tem atuado.

SOBRE CADA PUBLICAÇÃO:

“Pamine, o renascer da Floresta – Reflorestamento da Terra Indígena Paiterey Karah (TI Sete de Setembro) pelo povo Paiter Suruí”

O livro conta em 65 páginas o sonho do povo indígena Paiter Suruí em devolver à floresta o que dela foi tirado. Elaborado pela assessora do IEB Andréia Bavaresco, em parceria com a Associação Metareilá do Povo Indígena Suruí (Gamebey), descreve passo a passo o processo desenvolvido pelos Paiter para realizar o reflorestamento de suas terras. A obra mostra ainda o árduo trabalho que envolveu toda a comunidade, o plano estratégico de 50 anos para conservação, proteção e sustentabilidade da TI Sete de Setembro, e ainda o projeto Carbono-Suruí.

“Memorial da Luta pela Reserva Extrativista do Ituxi em Lábrea/AM - Registro da mobilização social, organização comunitária e conquista da cidadania na Amazônia”

Organizada pelo consultor do IEB Josinaldo Aleixo, em parceria com Associação dos Produtores Agroextrativistas da Assembleia de Deus do Rio Ituxi (Apadrit), a obra representa um esforço de reflexão e registro histórico de uma experiência social vivida intensamente no interior da Amazônia brasileira: a mobilização de comunidades ribeirinhas em favor da criação da Reserva Extrativista do Rio Ituxi.

“Memorial da Luta pela Reserva Extrativista do Médio Purus em Lábrea/AM - Registro da mobilização social, organização comunitária e conquista da cidadania na Amazônia”

Organizada pelo consultor do IEB Josinaldo Aleixo, em parceria com a Associação dos Trabalhadores Agroextrativistas do Médio Purus (Atamp), a publicação conta a história de um grupo de ribeirinhos, moradores das margens do rio Purus, localizado entre a cidade de Lábrea e Pauini, que saiu do seu isolamento em busca de seus direitos como cidadãos em meio aos inúmeros conflitos na região. O resultado dessa luta foi criação da Reserva Extrativista do Médio Purus em 2008.

“Organização Social na Amazônia - Uma experiência de associativismo na RDS do Rio Madeira (Novo Aripuanã e Manicoré/AM)”

Organizado pela coordenadora do IEB Roberta Amaral, em parceria com a Associação dos Produtores Agroextrativistas da Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Rio Madeira (Apramad), a publicação é um registro de como um processo de organização social de base comunitária na Amazônia pode ocorrer na prática e nas condições reais das comunidades da floresta. A obra é uma reflexão crítica e conta a experiência vivida pelas lideranças locais.

“Organização da Produção na Amazônia: a experiência de comercialização coletiva da castanha em Manicoré”

Organizado pela equipe do IEB (Josinaldo Aleixo, Marcelo Franco e Roberta Amaral) em parceria com a Cooperativa Verde de Manicoré (Covema), a publicação conta a história de luta e resistência de quase dez anos que deu origem à cooperativa, uma das experiências mais interessantes de empoderamento econômico dos povos e comunidades tradicionais da Amazônia. O livro traz o relato dos protagonistas desta história nos caminhos percorridos por seus fundadores.

SERVIÇO:
Data: 20 de agosto de 2012.
Horário: 19 horas
Local: Museu Amazônico (Universidade Federal do Amazonas - UFAM)
Endereço: Rua Ramos Ferreira, 1.036 – Centro – Manaus - Amazonas
Confirmar presença até 19 de agosto pelo e-mail: iieb@iieb.org.br