De 20 a 31 de agosto acontece o curso “Gestão Territorial
e Ambiental de Terras Indígenas”, reunindo diferentes povos em Humaitá, no Sul
do Amazonas.
Apurinã, Aruá, Cinta Larga, Gavião, Jiahui, Mura, Parintintin,
Paumari, Sakarabia, Sateré-Mawe, Suruí e Zoró. Diferentes povos indígenas reunidos
por um mesmo objetivo: refletir sobre a gestão das florestas onde vivem. Representantes de 24 associações indígenas do
Corredor Etnoambiental Mondé-Kawahiba participam do curso “Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas”. que acontece entre os dias 20 e 31 de
agosto, na Universidade Federal
do Amazonas (UFAM), em Humaitá, no sul do Amazonas.
Realizado pelo Instituto Internacional de Educação do Brasil
(IEB), em parceria com a Associação Metareilá do Povo Indígena Suruí (Gamebey),
a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB), a
Equipe de Conservação da Amazônia (ACT Brasil), a Associação de Defesa
Etnoambiental Kanindé e a Conservação Estratégica (CSF Brasil), o curso é uma
atividade do consórcio Garah Itxa,
apoiado pela United States Agency for International Development (USAID).
Seu principal objetivo é formar pessoas com capacidade de
refletir sobre a gestão territorial e ambiental do seu povo. A ideia é que os participantes partam das suas
próprias experiências e conhecimentos para construírem uma discussão e
compreensão mais ampla do assunto no contexto das discussões sobre a recém-assinada
Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental (PNGATI).
O curso vem estimular o diálogo intercultural em relação a
conceitos, temas, metodologias e estudos de caso, além de oferecer informações de
distintas perspectivas científicas que permitam identificar dificuldades
específicas entorno dos temas abordados, como as noções de desenvolvimento e
sustentabilidade, e o uso de ferramentas de diagnóstico e planejamento.
Na primeira semana do curso foram discutidos os conceitos básicos associados à gestão
territorial e ambiental e a concepção indígena sobre eles. Também foi
construída uma linha do tempo onde os participantes indicaram marcos históricos
da relação entre povos indígenas e meio ambiente, como o surgimento do
ambientalismo e do movimento indígena no Brasil e as legislações ambiental e indigenista.
Os modelos de
desenvolvimento econômico e os ciclos de crescimento da infraestrutura nacional
e regional também entraram no debate, assim como os desafios contemporâneos dos
povos indígenas. O processo de construção da PNGATI foi aprofundado, ressaltando-se
seus conceitos, diretrizes e objetivos.
Nos próximos dias, a
discussão gira em torno dos instrumentos e desafios da gestão territorial e
ambiental indígena. No encerramento, está previsto um evento contemplando
a cultura dos povos representados neste curso.
O consórcio Garah Itxa (na língua Suruí, “juntos com a floresta”) atua desde
outubro de 2009 no Corredor Etnoambiental Mondé-Kawahiba, situado no nordeste
de Rondônia, noroeste de Mato Grosso e sul do Amazonas, e onde se encontram 13
terras indígenas. O objetivo geral do consórcio é fortalecer os povos indígenas
dessa região e suas instituições em diversos assuntos para que possam
participar de uma estratégia integrada de conservação e gestão dos seus territórios.
O curso “Gestão
Territorial e Ambiental de Terras Indígenas” tem implicações diretas para o
trabalho de conservação na Amazônia, pois estimula que os povos indígenas sejam
líderes regionais de conservação, em vez de meros coadjuvantes nas políticas de
áreas protegidas. Oferece ainda um contraponto à lógica econômica dominante na região
- calcada em atividades predatórias de exploração de recursos naturais e
grandes projetos de desenvolvimento.
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