quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Câmara Municipal de Humaitá cobra compensações sociais das Hidrelétricas do Madeira



Humaitá (AM) – A Câmara de Vereadores de Humaitá, através de sua mesa diretora, iniciou uma verdadeira cruzada no sentido de garantir ao município as chamadas compensações sociais, como resultado dos impactos ambientais causados pela construção das hidrelétricas do Madeira, Santo Antonio e Jirau.

A primeira de várias reuniões agendadas aconteceu na manhã desta quarta-feira (09), na sala da presidência e contou com a participação de representantes do 54º. Batalhão de Infantaria de Selva, Universidade Federal do Amazonas-UFAM, Prefeitura de Humaitá e Instituto Internacional de Educação do Brasil – IEB. Representantes do IBAMA foram convidados, porém, não compareceram. A promotora de Justiça da Comarca, Simone Martins Lima, justificou ausência, informando que se encontra na cidade de Manaus.

O presidente da Casa, vereador Herivâneo Seixas (PSB), abriu os trabalhos, ressaltando a importância daquele encontro para a sociedade humaitaense, sobretudo, disse ele, “porque nosso município já está sofrendo as consequências da construção daquelas hidrelétricas e precisamos fazer alguma coisa”.

O vice-presidente, vereador Carlos Evaldo Terrinha Almeida de Souza (PDT), fez um detalhamento do que são as compensações sociais e das enormes dificuldades que o município de Humaitá já vem sofrendo por causa das hidrelétricas.

Segundo o vereador, “além da questão ambiental, que atinge as comunidades ribeirinhas, radicadas ao longo do Rio Madeira, que corta a cidade de Humaitá, outros eventos de natureza social, de saúde, etc, estão afetando diretamente a população e ninguém faz nada”.

Para o Assessor do IEB, Engº. de Pesca, Doney Vitor, que há alguns anos estuda os impactos ambientais no Rio Madeira, “o município de Humaitá ficou fora das compensações sociais, porque para o Consórcio Santo Antonio Jirau, que se baseia em um Estudo de Impacto Ambiental - EIA, o município não sofrerá nenhuma consequência, o que é um grande equívoco”, asseverou.

O prefeito de Humaitá, Dedei Lobo (PMDB), também questionou esse tema, visto que, “cerca de duas horas de Humaitá está o Distrito de Calama, localizado no mesmo Rio Madeira, e, aquela localidade, dentre outras próximas a Humaitá, foram incluídas nas compensações. Por que não Humaitá? Ponderou o prefeito.

A secretária de saúde de Humaitá, Enf.ª Sara Riça, destacou que possivelmente até dois mil trabalhadores de Humaitá, estão atuando naquelas hidrelétricas, porém, suas famílias continuam na cidade de origem, sendo que periodicamente retornam.

Isso, disse a secretária acarreta várias preocupações, como o fato de que quando adoecem, vêm se tratar em Humaitá. Além do que, podem ser agentes de contaminação de conhecidas doenças sexualmente transmissíveis, malária, leishmaniose, etc.

Já no encerramento, o vereador Terrinha, um dos cabeças do movimento desde 2008, foi enfático ao assegurar que “iremos às últimas consequências para demonstrar a quem quer que seja, que nós não estamos brincando, ao contrário, como representantes do povo, faremos o nosso papel”.

O presidente Herivâneo Seixas encerrou os trabalhos garantindo que “mesmo que as audiências públicas tenham acontecido em 2006 e Humaitá não tenha participado, tudo o que for possível faremos para que o nosso povo não seja prejudicado”.

AGENDA

Por sugestão do prefeito Dedei Lobo, o próximo passo será uma reunião na cidade de Manicoré, também na Calha do Madeira, se possível ainda em fevereiro, quando serão convidados os prefeitos dos municípios de Novo Aripuanã, Borba e Nova Olinda, além de Humaitá e Manicoré, para amadurecimento do tema.

Outra reunião acontecerá em Manaus, no mês de março, na sede da Associação Amazonense de Municípios-AAM, com prefeitos, representantes de ONG´s, Instituições como INCRA, IBAMA, UFAM, UEA, Ministério Público do Amazonas, dentre outras, para avaliação dos trabalhos e estabelecimento da pauta da última reunião dessa etapa, que acontecerá em Humaitá, também com todos os atores envolvidos.

A partir daí, representantes dos Consórcios Santo Antonio Energia e Jirau Energia serão chamados à mesa de negociações, quando se espera um embate gigantesco, já que segundo consta, ambos os consórcios não estão dispostos a incluir Humaitá e outros da Calha do Madeira, na lista de compensações sociais.

Elias Pereira, Tribuna Mangabense
Doney Vitor, Assessor de Campo IEB Humaitá.

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