quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Médio Purus: Subvenção da borracha e trabalho social animam extrativistas da Resex


       Nesse início de 2013 tive o prazer de aceitar o convite do amigo Antônio David Brito de Lima, presidente da associação APAC - JG que é a Associação dos Produtores Agroextrativistas da Comunidade José Gonçalves, para percorrer toda a Resex Médio Purus entre os municípios  de Lábrea a Pauiní (AM), onde essa associação, em parceria com a ASPACS (Associação dos Produtores Agroextrativistas da Colônia Sardinha) e da ADS - Agência de Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (Governo do Amazonas) desenvolve, desde o ano de 2003 a trabalho da compra e o pagamento da subvenção da borracha diretamente ao produtor.


Barco da ASPACS

"Barco na água"   Antônio David me contava  que na safra passada eles escoaram pela associação uma quantidade de 69 toneladas de borracha em CVP (Cernambi Virgem Prensado) e que esperam pouco mais de 62 T nesse ano só em Lábrea, no Amazonas hoje o segundo maior produtor, depois de Eirunepé no Juruá. A pequena redução segundo ele, se deveu à alagação que ocorreu em 2012 , mas que a meta para os próximos dois anos é dobrar a produção, até porque , com o incentivo do Estado , somando-se as subvenções Municipais (Lábrea e Canutama) e a política de preço mínimo da CONAB - Governo Federal, o quilo da borracha chega a 5 reais ao produtor , valor que a APAC JG consegue pagar diretamente graças ao capital de giro conseguido via financiamento com a AFEAM que é a Agencia de Fomento do Estado do Amazonas. A APAC JG atende hoje 233 produtores dentro da Resex Médio Purus. São mais de 30 comunidades em que eles param de porto em porto. Se somados aos produtores que a ASPACS atende em Lábrea , são 350 seringueiros na Resex Médio Purus. Os municípios de Pauiní e Canutama ,se somam à cadeia produtiva comprando borracha acima do municipio de Pauini com a associação ATRAMP e em Canutama dentro da Resex Estadual de Canutama com a associação ASPAC de Canutama.

Indígenas

David vê com os bons olhos o interesse das aldeias indígenas em cortar seringa e pretende realizar uma reuniao dom a FUNAI para buscar parceria e ampliação do atendimento , com distribuição de Kits sangria e apoio no escoamento da produção. Ele estima que dos 233 produtores cadastrados , uns 5% são indigenas , Paumaris e Apurinãs, das TIs, Acimã, IG Mucuim, Marahã, e dos rios Sepatini e Seruini em Lábrea. Ele prevê que haverá mais indigenas cadastrados nese ano.
 
Pólo de duas rodas em Manaus
 
Melo - ADS
           A borracha escoada pelo Purus está indo abastacer a fábrica NEOTEC do grupo Levorin, instalada no pólo industrial de Manaus desde o ano de 2011. Antes de chegar a Manaus, a borracha 'CVP' de Lábrea vai para Manicoré onde é transformada em GEB - Granulado Escuro Brasileiro seguindo para o pólo de duas rodas.  Esse arranjo entre Goveno do Estado , Movimento Social e setor privado , está beneficiando diretamente os extrativistas e suas famílias, possibilitando que a borracha seja mais uma fonte de renda para o morador da floresta Amazônica. Segundo Raimundo Nonato de Melo , técnico da ADS em Lábrea e responsável pela calha do Purus, sem o envolvimento das associações , devidamente estruturadas e em dia com suas obrigações , esse arranjo seria impossivel. Melo também destaca localmente a parceria dos escritórios do IDAM nos municipios de Pauiní, Lábrea e Canutama. Seguiu nessa viagem conosco o técnico florestal do IDAM Valdeson Vilaça que está fazendo o georeferrenciamento casa por casa de todas as comunidades rurais de Lábrea.
 
Trabalho social
 
 
David entregando o dinheiro ao seringueiro
     A APAC JG, além de pagar a subvenção no porto do seringueiro, está começando a ensaiar um trabalho social, levando rancho e combustível (pequenas quantidades) a preço de Lábrea para oferecer ao produtor.  Em conversas com a nossa equipe e com o Presidente do CNS baseado em Manaus , Manoel Cunha, estamos planejado uma visita ao municipio de Carauari no rio Juruá para conhecer de perto a experiência das cantinas comunitárias da ASPROC nesse ano de 2013. A APAC JG é parceira também do IEB no projeto submetido recentemente ao Fundo Amazônia. Essa proposta caso aprovada irá alavancar ainda mais a cadeia produtiva da borracha no Médio Purus, podendo beneficiar mais familias.
 
Da esq. para dir.:"Coronel", "Roxo" e o técnico Valdeson (IDAM)
 
 
Bem, nossa 'carona' no barco da ASPACS terminou no municipio de Pauiní , depois de 5 dias subindo o Purus. Nós voltariamos a alcançar o barco quatro dias depois , 'na baixada' quando eles vem parando pacientemente de comunidade em comunidade, numa viagem de em média 25 dias  que eles fazem no mínimo três vezes ao ano , esses heróis modernos da Amazônia. De Pauiní encontramos nosso companheiro José Maria II, o presidente da ATAMP na comunidade Vila Limeira,  embarcamos na voadeira e de lá continuamos subindo o Purus  rumo ao igarapé Mapiá, com destino a Vila Céu do Mapíá ,onde nos esperavam Zezinho , Josi e Fran da equipe SULAM,  para mais uma atividade - o I Encontro de UCs Federais de Boca do Acre, mas essa já é uma outra história...
 
                                                             por Marcelo Horta Messias Franco , IEB escritório Lábrea
 
Mais informações:
 
 
 
 
                     Vídeo: embarque da borracha na comunidade Santa fé Resex Medio Purus:
 
 
 

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