Nesse início de 2013 tive o prazer de aceitar o convite do amigo Antônio David Brito de Lima, presidente da associação APAC - JG que é a Associação dos Produtores Agroextrativistas da Comunidade José Gonçalves, para percorrer toda a Resex Médio Purus entre os municípios de Lábrea a Pauiní (AM), onde essa associação, em parceria com a ASPACS (Associação dos Produtores Agroextrativistas da Colônia Sardinha) e da ADS - Agência de Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (Governo do Amazonas) desenvolve, desde o ano de 2003 a trabalho da compra e o pagamento da subvenção da borracha diretamente ao produtor.
Barco da ASPACS |
"Barco na água" Antônio David me contava que na safra passada eles escoaram pela associação uma quantidade de 69 toneladas de borracha em CVP (Cernambi Virgem Prensado) e que esperam pouco mais de 62 T nesse ano só em Lábrea, no Amazonas hoje o segundo maior produtor, depois de Eirunepé no Juruá. A pequena redução segundo ele, se deveu à alagação que ocorreu em 2012 , mas que a meta para os próximos dois anos é dobrar a produção, até porque , com o incentivo do Estado , somando-se as subvenções Municipais (Lábrea e Canutama) e a política de preço mínimo da CONAB - Governo Federal, o quilo da borracha chega a 5 reais ao produtor , valor que a APAC JG consegue pagar diretamente graças ao capital de giro conseguido via financiamento com a AFEAM que é a Agencia de Fomento do Estado do Amazonas. A APAC JG atende hoje 233 produtores dentro da Resex Médio Purus. São mais de 30 comunidades em que eles param de porto em porto. Se somados aos produtores que a ASPACS atende em Lábrea , são 350 seringueiros na Resex Médio Purus. Os municípios de Pauiní e Canutama ,se somam à cadeia produtiva comprando borracha acima do municipio de Pauini com a associação ATRAMP e em Canutama dentro da Resex Estadual de Canutama com a associação ASPAC de Canutama.
Indígenas
David vê com os bons olhos o interesse das aldeias indígenas em cortar seringa e pretende realizar uma reuniao dom a FUNAI para buscar parceria e ampliação do atendimento , com distribuição de Kits sangria e apoio no escoamento da produção. Ele estima que dos 233 produtores cadastrados , uns 5% são indigenas , Paumaris e Apurinãs, das TIs, Acimã, IG Mucuim, Marahã, e dos rios Sepatini e Seruini em Lábrea. Ele prevê que haverá mais indigenas cadastrados nese ano.
Pólo de duas rodas em Manaus
Melo - ADS |
A borracha escoada pelo Purus está indo abastacer a fábrica NEOTEC do grupo Levorin, instalada no pólo industrial de Manaus desde o ano de 2011. Antes de chegar a Manaus, a borracha 'CVP' de Lábrea vai para Manicoré onde é transformada em GEB - Granulado Escuro Brasileiro seguindo para o pólo de duas rodas. Esse arranjo entre Goveno do Estado , Movimento Social e setor privado , está beneficiando diretamente os extrativistas e suas famílias, possibilitando que a borracha seja mais uma fonte de renda para o morador da floresta Amazônica. Segundo Raimundo Nonato de Melo , técnico da ADS em Lábrea e responsável pela calha do Purus, sem o envolvimento das associações , devidamente estruturadas e em dia com suas obrigações , esse arranjo seria impossivel. Melo também destaca localmente a parceria dos escritórios do IDAM nos municipios de Pauiní, Lábrea e Canutama. Seguiu nessa viagem conosco o técnico florestal do IDAM Valdeson Vilaça que está fazendo o georeferrenciamento casa por casa de todas as comunidades rurais de Lábrea.
Trabalho social
David entregando o dinheiro ao seringueiro |
A APAC JG, além de pagar a subvenção no porto do seringueiro, está começando a ensaiar um trabalho social, levando rancho e combustível (pequenas quantidades) a preço de Lábrea para oferecer ao produtor. Em conversas com a nossa equipe e com o Presidente do CNS baseado em Manaus , Manoel Cunha, estamos planejado uma visita ao municipio de Carauari no rio Juruá para conhecer de perto a experiência das cantinas comunitárias da ASPROC nesse ano de 2013. A APAC JG é parceira também do IEB no projeto submetido recentemente ao Fundo Amazônia. Essa proposta caso aprovada irá alavancar ainda mais a cadeia produtiva da borracha no Médio Purus, podendo beneficiar mais familias.
Da esq. para dir.:"Coronel", "Roxo" e o técnico Valdeson (IDAM) |
Bem, nossa 'carona' no barco da ASPACS terminou no municipio de Pauiní , depois de 5 dias subindo o Purus. Nós voltariamos a alcançar o barco quatro dias depois , 'na baixada' quando eles vem parando pacientemente de comunidade em comunidade, numa viagem de em média 25 dias que eles fazem no mínimo três vezes ao ano , esses heróis modernos da Amazônia. De Pauiní encontramos nosso companheiro José Maria II, o presidente da ATAMP na comunidade Vila Limeira, embarcamos na voadeira e de lá continuamos subindo o Purus rumo ao igarapé Mapiá, com destino a Vila Céu do Mapíá ,onde nos esperavam Zezinho , Josi e Fran da equipe SULAM, para mais uma atividade - o I Encontro de UCs Federais de Boca do Acre, mas essa já é uma outra história...
por Marcelo Horta Messias Franco , IEB escritório Lábrea
Mais informações:
Vídeo: embarque da borracha na comunidade Santa fé Resex Medio Purus:
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