quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Caminhos para o manejo sustentável


Segundo módulo do Programa de Formação em Agroextrativismo reúne indígenas e ribeirinhos em Ji-Paraná e na Terra Indígena Zoró

Mais de trinta lideranças extrativistas e indígenas da Amazônia estarão reunidas novamente para participar do 2º módulo do Programa de Formação em Agroextrativismo e Cadeias Produtivas Sustentáveis. A ideia desta etapa do curso, que acontece entre os dias 4 e 18 de novembro, no município de Ji-Paraná, em Rondônia, é estimular os participantes a construírem juntos os caminhos para o manejo sustentável dos recursos naturais da floresta onde vivem.

O objetivo do programa de formação é promover a discussão entre comunidades tradicionais e indígenas sobre os conhecimentos agroextrativistas. Através do diálogo sobre suas próprias realidades e culturas, o curso facilita a troca de saberes sobre as boas práticas do manejo sustentável dos recursos naturais realizadas por eles e as novas tecnologias. Pretende-se assim estimular a reflexão do grupo frente aos novos desafios e situações de consolidação das áreas protegidas.

O programa é composto por três módulos realizados em distintos municípios localizados no sul do Amazonas, sudeste de Rondônia, e noroeste do Mato Grosso, e dirigido a um grupo fixo de participantes oriundos de oito terras indígenas e cinco unidades de conservação desta região.

Durante todo o programa serão realizadas aulas expositivas, trabalhos em grupo, exposição de fotos e vídeos, e viagens de intercâmbio de experiências. Os participantes também desenvolvem pesquisas de campo no período compreendido entre um módulo e outro.

O primeiro módulo trabalhou o conceito de sistemas de produção. Trinta e cinco lideranças comunitárias e indígenas se reuniram no município de Humaitá, no sul do Amazonas, entre os dias 18 e 31 de julho deste ano. Neste período, o grupo também realizou uma viagem de intercâmbio até a aldeia Canavial na Terra Indígena Ipixuna e uma visita à uma comunidade ribeirinha às margens do Madeira.

O tema central deste segundo módulo é o manejo sustentável dos recursos naturais. A primeira parte é composta por aulas expositivas sobre recursos renováveis e não renováveis, manejo predatório x manejo sustentável, atividades econômicas com recursos da natureza, entre outros temas, além de  apresentação de fotos e vídeos, dinâmicas em grupo, e conversas em sala de aula.

Em um segundo momento, o grupo realizará uma viagem à Terra Indígena Zoró, no município de Rondolândia, em Mato Grosso, próximo à divisa com Rondônia, para a pesquisa de campo sobre as boas práticas do manejo da castanha realizadas pelos índios nesse território. Na aldeia, todos trocarão experiências e serão divididos em grupos de trabalho para responder as perguntas:  O que queremos observar no intercâmbio? E Como vamos registrar o que foi observado?

Para a engenheira florestal Andreia Bavaresco, coordenadora pedagógica do programa, a principal ideia nesta etapa da formação é trabalhar o manejo dos recursos naturais como uma estratégia de desenvolvimento sustentável dessa região: “vamos colocar para os alunos a importância do manejo para a produção agroextrativista e quais os benefícios das boas práticas de manejo para a valorização dos recursos naturais e para a manutenção da floresta em pé”.

O conhecimento será construído junto com as lideranças comunitárias envolvidas. A longo prazo, haverá a constituição de uma rede qualificada de interlocutores locais enraizados em seus territórios, e discutindo as suas perspectivas e horizontes de futuro.

O Programa de Formação em Agroextrativismo e Cadeias Produtivas Sustentáveis faz parte das atividades do projeto “Conservação da Biodiversidade em Terras Públicas na Amazônia”, uma parceria do Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB) com as organizações não governamentais Associação Metareilá do Povo Indígena Suruí (Gamebey), Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé, Conservação Estratégica (CSF Brasil), Equipe de Conservação da Amazônia (ECAM) e Operação Nativa Amazônica (OPAN), e com o apoio financeiro da USAID (Agência Americana para o Desenvolvimento Internacional).


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